sábado, 10 de dezembro de 2011

Histórias de família, histórias de Queimados...

Sr. Geraldo e o Prof. Nilson: muita história pra contar...
Na última 4ª feira, dia 07/12/2011, seguimos com nossas câmeras, olhos e ouvidos aguçados, ao encontro de mais um pedacinho vivo da História de Queimados.  Eram mais de 18h quando chegamos à casa do Sr. Geraldo Ferreira dos Santos e fomos muito bem recebidos por sua neta, Rafaela Santos.  Foi por intermédio dela e de seu namorado, Kauan Jorge, que nos foi possível agendar essa entrevista.  Ao entrarmos na casa, nosso entrevistado descansava em uma poltrona e, bastante empolgado, logo começou a compartilhar conosco suas memórias, lembranças de uma longa trajetória vivida em Queimados.  Para que nada lhe escapasse, observamos que o Sr. Geraldo teve o cuidado de manter algumas anotações que julgou ser importantes, ao seu alcance, no bolso da camisa.  E essas anotações renderam muitas histórias!
Da infância, ele recorda dos laranjais que, no início de século XX, tomavam conta da paisagem da região.  Ele nos dá uma dimensão aproximada da extensão das terras que pertenciam a sua família (que hoje é o Bairro de São Cristóvão) e recorda, com admiração, da figura do Dr. Guilherme Weinschenk, dono da maior fazenda dedicada à citricultura em Queimados.  Segundo relatou o Sr. Geraldo, por ocasião de datas como o Natal, o Dr. Guilherme promovia festas abertas à comunidade, onde havia distribuição de brinquedos para as crianças e prêmios em dinheiro para os adultos. 
O Sr. Geraldo recorre aos seus apontamentos para continuar
nossa viagem no tempo...
Esse era um tempo bem diferente do que hoje presenciamos em Queimados.  Até a década de 1940, toda a economia local girava em torno da produção de laranjas para a exportação.  As relações sociais que se teciam, eram perpassadas por essa realidade.  Assim, as oportunidades de trabalho estavam atreladas, inevitavelmente, à citricultura.  Da mesma forma, as escolas e as possibilidades de estudo eram reduzidas.  A esse respeito, o Sr. Geraldo nos relata que precisava se deslocar, diariamente para Nova Iguaçu, onde estudava no Colégio Leopoldo Machado.  Ele destaca que nessa época, a eletrificação da estrada de ferro ainda não havia sido concluída e que, por isso, era necessário todo um aparato para tomar o trem e garantir a chegada à escola com o uniforme adequadamente limpo.  Isso ocorria porque a fuligem liberada pela queima do carvão, de acordo com o Sr. Geraldo, se impregnava facilmente na roupa dos passageiros, exigindo, portanto, a utilização de jalecos e "guarda-pós" durante a viagem.  Tempos singulares, aqueles...
Do tempo de infância, o Sr. Geraldo Santos passou a falar da juventude, quando começou a trabalhar e conheceu Dona Irene de Souza Couto, que se tornou sua esposa.  Sobre esse período, ele relembra que a eclosão da Segunda Guerra Mundial fez com que o trânsito de embarcações, que trafegavam pelo Atlântico, praticamente paralisasse.  Consequentemente, a exportação das laranjas foi seriamente prejudicada, o que contribuiu decisivamente para o declínio de sua produção.  Enquanto via seu pai loteando a propriedade da família, o Sr. Geraldo largou os estudos e começou a trabalhar.  Seu primeiro emprego foi na ferrovia, como apontador de frequência dos funcionários, quando da eletrificação do trecho entre Nova Iguaçu e Belém (atual Japeri).  Ele relembra que os postes que sustentavam a fiação eram produzidos em Austin e que, a substituição da antiga Maria Fumaça pelas máquinas elétricas representava, simbolicamente, o progresso chegando à região. 
Na despedida: nosso fotógrafo, João Batista, Profª. Claudia,
o Sr. Geraldo e o Prof. Nilson.
Ele discorreu ainda sobre os filhos e netos e sobre sua opção em não se envolver com a política local.  Apesar dessa postura, o Sr. Geraldo afirma que, por ocasião do plebiscito que decidiu a emancipação de Queimados, votou favorável à criação do município.  Ao indagarmos o por quê desse voto, os argumentos mencionados por nosso entrevistado só servem para endossar os tradicionais discursos que ressaltam o descaso iguaçuano para com o seu Segundo Distrito como pedra de toque para a emancipação. 
Quando deixamos a casa do Sr. Geraldo Santos, já era noite e chuviscava em Queimados.  Fomos embora felizes, com aquela certeza de dever cumprido, por termos tido a oportunidade ímpar de registrar mais um importante depoimento sobre a história da cidade.  Nos sentimos felizes também por constatarmos, mais uma vez, que nossa história permanece viva e pulsante, a cada esquina, rua ou praça da cidade, a espera somente de um ouvido atento e de mãos dispostas a escrevê-la...
_____________________
* Fotos: João Batista.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Trabalho de campo em Vassouras encerra as atividades do Encontros & Conexões em 2011

Já foi demonstrado que sábados nublados não são obstáculos para a animação da primeira turma do projeto Encontros & Conexões!  Então, como não podia deixar de ser, os cursistas subiram a serra no último dia 19, rumo a Vassouras, a fim de mostrar os projetos concebidos durante as aulas dos cursos de História da Baixada Fluminense e Metodologias da Pesquisa Histórica.  Muito mais do que isso, essa visita à cidade de Vassouras marca um estreitamento nas relações entre a Baixada Fluminense e o Vale do Paraíba, que perpassou toda a dinâmica do Encontros & Conexões.
Assim, quando da chegada, o grupo foi extremamente bem recebido pela equipe da Secretaria Municipal de Educação de Vassouras, com café da manhã no prédio da Prefeitura.
O grupo do Encontros & Conexões é
carinhosamente recebido em Vassouras
com café da manhã.  
Auditório atento às palestras.













A profª. Lielza, Carlos Vilela (Secretário de Educação de
Queimados), Renan Vinícius (Prefeito de Vassouras),
Vânia Baptista (Secretária de Educação de Vassouras)
e as Profªs. Marlúcia e Maria Regina: momento de
execução do Hino Nacional Brasileiro.  
Nesse mesmo lugar, transcorreu a primeira etapa do encontro, que contou com a fala dos representantes das prefeituras de Vassouras e Queimados, suas respectivas secretarias de educação e demais responsáveis pela idealização e realização do Encontros & Conexões.  A jornada teve início com a fala dos Secretários de Educação de ambas cidades (Vânia Baptista e Carlos Vilela) e do Prefeito de Vassouras (Renan Vinícius).  A ausência do Prefeito de Queimados, Max Lemos, foi sentida, porém justificada: a cidade encontrava-se em meio aos preparativos para os festejos que comemorariam seu 21º aniversário!  Dessa forma, a seguir, a professora Lielza Lemos Machado (presidente da Academia de Letras de Vassouras) nos brindou com riquíssimos relatos sobre a História da cidade.  Dando sequência às atividades da parte da manhã, também contamos com a presença da professora Marlúcia Santos, do CRPH-DC, abordando aspectos da História da Baixada Fluminense e as "conexões" estabelecidas ao longo da História, entre essas duas regiões.    
O Sr. Vilela (Secretário de Educação de Queimados), Prof. Nilson, Srª Vânia
Baptista (Secretária de Educação de Vassouras), Profª Lielza Lemos (Academia
de Letras de Vassouras) e a Profª Maria Regina Candido (NEA/UERJ).
Também assistimos à breve palestra da professora Maria Regina Candido, coordenadora do NEA/UERJ, responsável pelas aulas de metodologia do projeto.  Finalizando essa parte do evento, a apresentação dos projetos pedagógicos realizados por ocasião do aniversário de 66 anos da Escola Municipal Abel José Machado, de Vassouras, comemorado em março desse ano.

O grupo reunido, na saída da Prefeitura.
Do auditório da Prefeitura, o grupo seguiu para o almoço.  Em mais essa ocasião, revelou-se a hospitalidade e a simpatia da equipe da Secretaria de Educação de Vassouras: no restaurante, fomos muito bem recebidos e pudemos apreciar um buffet variado e saboroso.  Ao sairmos, em meio à Praça Barão de Campo Belo, onde fica a igreja matriz de Vassouras, iniciamos nossa visita técnica pelos lugares de Memória da cidade.  Para compor ainda mais o clima dessa verdadeira aula de História ao ar livre, fomos ciceroneados por uma "mucama", que parecia de fato, saída de uma das fazendas de café da região.
Grupo reunido na Praça Barão de
Campo Belo.
Profª Maria Regina, Profª. Claudia,
Prof. Alair, Vanessa e o Prof.
Nilson: parceria entre NEA
e SEMED-Queimados.













Nossos cursistas puderam, então, empreender mais uma viagem no tempo, ao século XIX, caminhando pelas ruas com o calçamento original "pé de moleque" e observando construções centenárias.
Tenda com saboroso chá da tarde:
chegamos à Casa da Hera!
Fechando a agenda de atividades do primeiro dia, o grupo foi recebido com um maravilhoso "chá da tarde", nos jardins da Casa da Hera, outrora propriedade da influente família Teixeira Leite.  Ao visitarmos a exposição do mobiliário e demais objetos que pertenceram aos antigos donos da casa, entramos em contato com o cotidiano da época, observando o esplendor proporcionado pelo café.  Entretanto, a equipe da Secretaria de Educação de Vassouras nos reservara mais uma surpresa: no bosque anexo ao museu Casa da Hera, foi realizada uma exibição de jongo, que animou nossos cursistas, com destaque para a professora Denise Guerra.

Professora Denise Guerra, uma das participantes do
Encontros & Conexões, dá show no jongo.
No dia seguinte, a turma acordou cedo e seguiu para Miguel Pereira/Paty do Alferes, onde visitou a Aldeia Arcozelo, um complexo cultural idealizado por Paschoal Carlos Magno.  No anfiteatro do local, os professores Marlúcia Souza e Manoel Ricardo Simões abordaram questões pertinentes à História e à Geografia da região.  A participação desses professores ao longo desse encontro foi de fundamental importância, na medida em que uma das nossas premissas do Encontros & Conexões é o desenvolvimento de abordagens pluridisciplinares, acerca da História Local.
Dando uma volta pelas redondezas, o grupo visitou ainda a igreja matriz de Paty do Alferes, onde foi batizado Joaquim Osório Duque Estrada, autor da letra do Hino Nacional Brasileiro.  Também passou pelo Museu da Cachaça, onde a turma pode observar o processo empregado para a obtenção da bebida, utilizada por muito tempo como moeda de troca no comércio de escravos com a África.   
Professores Marlúcia e Manoel:
diálogos entre História e Geografia.

Igreja onde foi batizado Joaquim
Osório Duque Estrada - Paty do
Alferes.

Ao final do domingo, o grupo cansado mas ainda bastante animado, deu adeus ao Vale do Paraíba e desceu a serra em direção a Queimados.  No estreitamento desses laços, ficamos com a certeza de que essa experiência foi enriquecedora para ambos os lados.  Com toda a sua tradição, a bucólica Vassouras, verdadeiro museu a céu aberto, recebeu a jovem Queimados, ansiosa por compartilhar um pouco de sua história.  As comemorações do aniversário da emancipação, que ocorrem entre os dias 22 e 27 desse mês, só vêm confirmar a ideia de que Queimados é uma cidade que vem construindo, gradativamente, sua história.  Acreditando nisso, celebramos mais uma vez, a iniciativa do Encontros & Conexões, no sentido de buscar nas nossas raízes, a compreensão do que somos hoje. 

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Queimados faz história no combate à Dengue!

Folder elaborado pela
SEMUS-Queimados,
contendo informações sobre
a doença, sintomas e formas
de transmissão.

O dia de hoje (31/10) marcou a trajetória das políticas públicas de saúde, destinadas ao combate à Dengue.  Com a aproximação do verão, a Prefeitura de Queimados saiu na frente e promoveu a 1ª Reunião do Grupo Intersetorial de Combate à Dengue.  Tal iniciativa visa a integração de todas as secretarias municipais, sob a supervisão da Secretaria Municipal de Saúde, e o engajamento de todos no combate aos focos do mosquito Aedes, transmissor da doença.  Assim, no decurso da reunião, foram esboçadas as estratégias que serão empregadas no combate à Dengue.  Dentre tais estratégias, destacam-se a produção de material explicativo, a realização de mutirões de combate à Dengue, elaboração de estudos técnicos, palestras com profissionais de saúde e a vinculação dessa campanha a cada realização das secretarias envolvidas.  Com o slogan "10 minutos contra a Dengue", destacamos também a distribuição de folhetos elaborados pela Secretaria Estadual de Saúde, incitando a população a realizar uma checagem em casa ou quintais - ao menos 10 minutos a cada semana - a fim de eliminar os possíveis focos do mosquito. 

Folheto instrucional da campanha
de combate à Dengue, elaborado
pela Secretaria de Saúde do Estado
do Rio de Janeiro.
Sem dúvida, a luta contra epidemias não é novidade para a população queimadense.  O diferencial dessa campanha é que a  responsabilidade pela erradicação do problema tornou-se coletiva, isto é: comum a todas as secretarias, à iniciativa privada e à população.  Com a instituição do Grupo Intersetorial, por meio de decreto datado de 11 de outubro de 2011, a Prefeitura crê em uma ação decisiva para afastar de uma vez a possibilidade de uma nova epidemia, que tem sido uma constante lamentável nos últimos anos, com a chegada do calor e das chuvas de verão.
A prevenção é a melhor arma para evitar a Dengue.  Em outras épocas, os queimadenses já sofreram com males advindos das precárias condições de saúde e higiene, aliados ao pouco esclarecimento da população.  Sobre esse aspecto, lembramos as ações de conscientização popular, empreendidas pelo Dr. Armando Souto.  Em entrevista concedida ao Memória e Patrimônio Histórico de Queimados, o Dr. Armando deu testemunho dos inúmeros casos de tétano neonatal e hanseníase dos quais tratou nessa região, entre as décadas de 1970 e 80.  Por isso, desejamos que iniciativas como essas frutifiquem, a fim de que esse passado fique cada vez mais distante.

Da esq. para a dir.: Bira, Dr. Jorge (Secretário de Governo),
Heloísa Helena (Secretária de Desenvolvimento Econômico),
Ismael Lopes (Secretário de Saúde), Conceição (Subsecretária
de Educação), Eduardo Dutra (Chefe do Setor da Divisão de
Controle dos Vetores), Catarina Melo (representante do
Conselho de Saúde do Município), Carlos Eduardo e Prof. Nilson
Henrique  (SEMED).  

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Encerrada a parte teórica da segunda fase do Encontros & Conexões: grupo aguarda, ansioso, a troca de experiências em Vassouras


O professor Alair Duarte orienta os cursistas na aplicação
do método de Análise do Discurso ao texto do folheto O
Centenário, de 1958.
As aulas teóricas da segunda fase do projeto Encontros & Conexões encerraram-se nesse sábado (29/11).  Abrilhantando o último encontro, contamos com as presenças dos professores Alair Duarte e Junio César Rodrigues, discorrendo sobre metodologias de Análise do Discurso.  O professor Alair iniciou a aula demonstrando a subjetividade dos discursos, às quais os pesquisadores devem estar sempre atentos na hora de empreender seu trabalho.  O professor Alair articulou, em sua exposição, a premissa introduzida por Maria Aparecida Baccega aos conceitos teórico-metodológicos de Marcel Detienne.  Assim, percebemos que a palavra é viva e que por meio dela, vão se formando os conjuntos de representações e ideias que nos permitem apontar possibilidades interpretativas para as sociedades do passado.  O professor Alair usa os pressupostos de Detienne para propor relações dialógicas entre Antiguidade e Contemporaneidade.  Assim, ele nos mostra que o método é indispensável para a pesquisa histórica, pois presume o aparato usado para interpretação crítica do documento. 
O professor Junio César apresenta aos cursistas, outra
abordagem para a Análise do Discurso.
Complementando a fala do professor Alair, o professor Junio César trouxe uma diferente abordagem também voltada para a Análise do Discurso.  Baseando-se no instrumental desenvolvido por Eni Orlandi, o professor Junio deu ênfase às múltiplas mensagens captadas em um discurso, bem como os impactos gerados pela recepção desses discursos.  Nessa perspectiva analítica, destacaram-se as funções desempenhadas pelo emissor, pelos receptores, assim como o caráter do discurso.  Observar tais aspectos são indispensáveis para situarmos o local de fala de quem produziu aquele discurso e chegarmos aos seus prováveis significados. 
Ao final de ambas as exposições, foi orientado o trabalho dos cursistas, aplicando as metodologias desenvolvidas a um documento sobre a história de Queimados.  Tal documento (um artigo do folheto O Centenário) foi analisado pelo grupo e, em pouco tempo, interessantes hipóteses já começaram a aflorar.  Dessa forma, percebemos que não importa se o documento foi produzido na Grécia Clássica ou na Baixada Fluminense, da década de 1950: o método fornecerá o instrumental para que nossos olhos do século XXI possam se debruçar sobre os vestígios do passado...
Ao final do encontro, a emoção toma conta...
No encerramento desse encontro e das aulas teóricas dessa etapa do Encontros & Conexões, o clima era de total confraternização.  O grupo segue animado pela possibilidade inovadora de investigar as múltiplas memórias e escrever a história de sua cidade, inaugurada por este projeto.  Assim, aguarda ansioso a culminância em Vassouras, daqui à três semanas.  Da mesma forma, parabeniza a Secretaria de Educação de Queimados, por ter proporcionado a realização desse projeto e já pensa na continuidade dessas iniciativas, dada a sua recepção e impacto positivo junto à comunidade.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Ação Global agita Queimados

Ao longo do dia, várias pessoas
visitam a pequena exposição de
fotografias da cidade.
Contrariando as previsões meteorológicas, o domingo foi quente e ensolarado.  Tanto melhor para aqueles que se dirigiram à Vila Olímpica de Queimados, a fim de conferir as atrações e serviços oferecidos pelo programa Ação Global, uma parceria estabelecida entre a Rede Globo e o SESI.  As opções eram variadas: desde brinquedos e brincadeiras para entreter a garotada, cortes de cabelo e aplicação de flúor, até consultoria jurídica, expedição de documentos etc...
A Prefeitura da Cidade se fazia presente, por meio das várias tendas montadas ao redor da pista de atletismo e ocupadas pelas secretarias municipais.  Nas tendas destinadas à Secretaria Municipal de Educação, um cantinho para a exposição de fotografias da cidade chamou a atenção de muita gente. Sim, nós do Pesquisa, Memória e Patrimônio Histórico de Queimados estávamos lá, contando um pouco da história da cidade por meio de fotografias e outros documentos que marcaram a luta pela emancipação.
Sr. José Carlos e o Secretario de Educação,
 Lenine Lemos: revendo fotos da primeira
formação da Câmara Municipal da cidade,
da qual o Sr. José Carlos fez parte.
Por nosso espaço, passaram homens e mulheres que, de uma forma ou de outra, participaram da história recente de Queimados. À medida que essas memórias eram remexidas, estimuladas pela visualização dos fatos marcantes impressos nas fotografias, curiosas e emocionantes histórias iam surgindo também. Graças a elas, pudemos presenciar preciosos momentos de interação entre pais e filhos, avós e netos: uma viagem no tempo, contando um pouco da história local.  Ao final da tarde, mesmo com o cansaço e o "calor subsaariano", nos sentimos imensamente gratificados por termos percebido que nosso trabalho vem recebendo o apoio e o reconhecimento da comunidade.  Mas, acima de tudo, nos sentimos felizes por percebemos o quanto esse trabalho vem contribuindo para o despertar de "memórias adormecidas" e o resgate da autoestima dos queimadenses...
Da esquerda para a direita:  Dr. Jorge,
Azair Ramos (respectivamente 1º e 2º
 prefeitos de Queimados) e o Prof. Nilson.

Profª. Claudia e João Batista. Ao fundo,
Jair Borracha observa a exposição.














Parabéns a toda equipe da Secretaria Municipal de Educação de Queimados pelo sucesso de mais um grande projeto!!!    
 

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Encontros & Conexões: segunda fase do projeto segue discutindo metodologias para a pesquisa histórica

Prof. Luís Filipe coordena a atividade
prática, durante o segundo encontro.
Desde a abertura da segunda etapa do projeto Encontros & Conexões, com a aula do professor José Roberto de Paiva, já transcorreram três sábados, durante os quais foram debatidas diferentes metodologias de pesquisa histórica.  A cada encontro, dois professores do Núcleo de Estudos da Antiguidade (NEA/UERJ) abordam propostas metodológicas para trabalhar com diversos tipos documentais: textos, imagens, depoimentos orais...  As possibilidades são variadas.  Ao final de cada encontro, uma atividade prática é sugerida aos cursistas, como forma de complementar as sugestões de análise propostas.
O grupo assiste a exposição do Prof.
Cristiano Bispo: terceiro encontro.
No segundo sábado, contamos com a presença dos professores Luis Filipe Bantim e Carlos Eduardo Campos, apresentando a metodologia da Análise do Discurso, aplicada a contextos diversos.  Durante a apresentação dos professores, os participantes puderam perceber as interações estabelecidas entre a Antiguidade e o Tempo Presente, apontando a possibilidade de levar esse debate às salas de aula das escolas.
No terceiro sábado, os professores Cristiano Bispo e Trícia Magalhães deram continuidade ao curso, apresentando, respectivamente, uma proposta semiótica de análise de imagens e técnicas para a elaboração de um projeto de pesquisa.  O estudo das imagens não é menos importante que a análise dos discursos escritos e, assim como estes, pode se constituir em instigante material para ser trabalhado junto aos alunos.  Porém, é de fundamental importância que esse arcabouço metodológico seja compreendido e exposto sob forma de projeto, para que fique claro para todas as partes envolvidas, a forma de execução e os objetivos a serem atingidos.
No quarto sábado, as professoras Claudia Costa e Maria de Fátima do Rosário abordaram a questão da História Oral.  Na primeira parte da aula, a professora Claudia expôs um pouco da metodologia da História Oral: como ela surgiu na academia, seus usos e os cuidados que o pesquisador deve ter quando da realização de uma entrevista.  Complementando a exposição sobre História Oral, a professora Maria de Fátima apresentou um pouco da história da etnia Dogon, uma sociedade africana que vive no território do atual Mali e que mantém sua cultura baseada na oralidade.  Ao final, uma oficina foi proposta, com a confecção da boneca Abayomi, uma boneca africana. 
O quarto encontro se encerra com a
oficina proposta pela Profª. Maria de
Fátima.
Profª. Claudia Costa apresenta a
metodologia de pesquisa da
História Oral: quarto sábado.












No próximo sábado, teremos o encerramento de nossas aulas teóricas, com as presenças dos professores Alair Duarte e Junio César Rodrigues.  Esperamos, assim, encerrarmos com sucesso o ciclo de aulas sobre metodologia para pesquisa histórica.  Reiteramos que o suporte metodológico oferecido por meio das aulas dessa fase do projeto, visa apontar possibilidades para que os cursistas pensem em propostas ou projetos que possam ser desenvolvidos junto a seus alunos. Esses projetos serão realizados no próximo ano e seus resultados, apresentados por ocasião do II Seminário de Memória e Patrimônio Histórico de Queimados.


Os professores Maria de Fátima, Nilson Henrique e Claudia Costa, juntos
com a turma: todos exibindo suas bonequinhas Abayomi, confeccionadas
durante oficina.

Em tempo: lembramos àqueles que irão à visita técnica em Vassouras (dia 19/11) e que ainda não confirmaram, favor fazê-lo até o próximo sábado, para que possamos ter ideia do quantitativo para o transporte e hospedagem.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Uma noite prá não esquecer: alunos da E.M. Leopoldo Machado remexem suas memórias e nos brindam com muuuitas histórias!

A professora Claudia inicia sua apresentação, falando sobre
os múltiplos significados de "memória."
O último dia 28 foi uma noite especial!  A convite da professora Verônica, que vem desenvolvendo um interessante trabalho sobre preservação das memórias junto aos seus alunos da Educação de Jovens e Adultos, fomos até a Escola Municipal Leopoldo Machado conhecê-los melhor.  O objetivo?  Mostrar-lhes um pouco do nosso trabalho de pesquisa da História de Queimados mas, principalmente, ouvir atentamente o que as memórias dessa gente, que ajudou e ainda ajuda construir a cidade, poderiam nos revelar.  O debate foi enriquecedor!  Os alunos ouviram atentos a primeira parte da aula e foram superando, gradativamente, a timidez.  A discussão foi fomentada, após a exibição de parte de um episódio do Sítio do Picapau Amarelo, no qual Emília, a sagaz boneca de pano criada por Monteiro Lobato, agita todos os moradores do sítio, ao decidir escrever suas Memórias...  Começa, então, uma divertida disputa: quem deverá escrever as memórias do sítio? Que fatos receberão destaque? O que é verdade e o que é mentira nessa narrativa?  Só é digno de crédito aquilo que está escrito?
A professora Verônica exibe o pequeno sapatinho, objeto
de valor inestimável: presente da parteira que a ajudou
nascer.
Assim, os alunos da professora Verônica foram convidados a refletir um pouco mais sobre o ofício do historiador e, também, contribuir conosco na construção dessa história.  Assim, ao observarem uma série de fotografias antigas de Queimados, relembraram aspectos de suas infâncias, onde nasceram ou porque optaram por viver em Queimados.  Por olhos atentos e emocionados, desfilaram imagens dos antigos laranjais, da estação ferroviária há mais de 50 anos, da principal praça da cidade, de um dos antigos cinemas... Em nossos ouvidos atentos, ficaram retidas narrativas curiosas e comoventes, de pessoas que vivenciaram quase todo o processo de crescimento urbano do local, que culminou com sua emancipação.
Ao final desse proveitoso encontro, agradecemos imensamente a oportunidade aberta pela professora Verônica, para que pudéssemos levar um pouco do nosso trabalho à comunidade escolar queimadense.  Agradecemos mais ainda, aos seus alunos, pela lição de perseverança e sensibilidade que nos foi dada naquela noite de quarta-feira...  
Após remexerem suas memórias, alunos e professores (Quem é quem?) posam
para a foto de despedida.
     

domingo, 2 de outubro de 2011

Jornal Extra denuncia: "Memória prestes a virar pó"

Casa que abrigou a Tenda Espírita N. Srª. da Piedade,
em 1908: patrimônio com dias contados! (foto: Roberto Moreyra)
Mais uma vez o Jornal Extra nos chama a atenção para um caso (Ou seria descaso?) em que a preservação do Patrimônio Histórico de uma região é posta em xeque.  Dessa vez, no bairro de Neves, em São Gonçalo, uma casa centenária aguarda a demolição iminente, em meio às estruturas metálicas já erguidas e que irão servir-lhe de epitáfio.  O imóvel tem seu valor histórico atrelado ao surgimento da Umbanda.  Foi nessa casa que, segundo dados da reportagem, Zélio Fernandino de Moraes, por inspiração da entidade Caboclo das Sete Encruzilhadas, fundou a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade e presidiu a primeira sessão dessa religião, nos idos de 1908.
Ainda segundo a reportagem, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) afirmou que nunca houve um pedido de tombamento do imóvel.  Para as esferas estadual e municipal, a antiga casa também passou desapercebida e, por isso, não há nada que possa evitar o seu desaparecimento. Trata-se de mais um fato lamentável, principalmente para os quase 400 mil umbandistas brasileiros...
Casa que pertenceu à Dona Jaci Cruz
Jorge: patrimônio perdido...
Essa reportagem nos fez refletir, mais uma vez, sobre o recente destino da casa rosa, onde morava a falecida Dona Jaci Cruz Jorge.  Sua rápida demolição e a construção de uma enorme loja em seu lugar ainda causa desconforto a muitos queimadenses.  Muito mais que simples construções, essas casas são importantes fragmentos das memórias locais.  Exatamente por esse motivo, precisam de políticas públicas que cuidem de sua preservação para que, com elas, possamos nos manter mais próximos da nossa História!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Tem início a segunda etapa do Projeto Encontros & Conexões

O Prof. José Roberto, do NEA/UERJ, é apresentado pela
Profª Claudia Costa
Teve início, no último sábado (24/09), a segunda etapa do projeto Encontros & Conexões: [re]descobrindo histórias.  Nesta fase, os cursistas contarão com aulas ministradas por professores-pesquisadores do Núcleo de Estudos da Antiguidade (NEA/UERJ), sobre metodologias de pesquisa em História.  Assim, complementando as discussões acerca da História Local introduzidas na primeira fase, os participantes poderão agregar sugestões de trabalho desses conteúdos, dentro de sala de aula.  O objetivo é apontar possibilidades de pesquisa que visem enriquecer a prática pedagógica, conjugando o conhecimento sobre a cidade e variadas técnicas de abordagem desse tema, junto aos alunos.
Cursistas atentos, nessa segunda fase do Encontros
& Conexões.
Nessa primeira aula, contamos com a presença do professor doutorando José Roberto Paiva Gomes, que destacou algumas questões introdutórias quanto ao uso de imagens em sala de aula.  As imagens, consideradas por correntes historiográficas recentes como documentos históricos de grande importância, podem e devem ser usadas como valioso instrumento pedagógico também!  Em uma sociedade cada vez mais repleta de estímulos visuais, elas podem aproximar o aluno da História, despertando nele o interesse pelo assunto.  Entretanto, como salientou o professor José Roberto em sua fala, devemos propor uma análise crítica, ao trabalharmos com qualquer tipo de documento histórico.  Ao usarmos imagens estáticas ou em movimento (como os filmes, por exemplo), devemos conscientizar os alunos de que tais produções são frutos de uma determinada época ou circunstância e que, portanto, é permeada de carga ideológica própria.  Em outras palavras, ao adotarmos tais recursos em sala de aula, não devemos permitir que nossos alunos os encarem como retratos fieis de um tempo ou porta-vozes de verdades absolutas.  
Dessa forma, aguardamos os próximos encontros, certos de que novas experiências e possibilidades serão compartilhadas entre a pesquisa histórica e a prática pedagógica! 

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Desfile Cívico encerra Semana da Pátria em Queimados: várias escolas mantêm a tradição e desfilam pelo centro da cidade

Os desfiles cívicos, que fazem parte das comemorações envolvendo o 07 de setembro, são uma das tradições de Queimados.  Os mais antigos queimadenses, certamente lembrarão do envolvimento apaixonado do professor Joaquim de Freitas, fundador do Colégio Manuel Pereira, em tais ocasiões.  A banda deste colégio, imortalizada em tantos desfiles sob a regência do maestro Manoel Gibson da Silva e considerada entre as melhores do estado do Rio de Janeiro, não mais participa do evento.  Nesse sentido, percebemos o quanto o tempo passou e algumas características locais foram se perdendo ou se diluindo ao longo dos anos.  O sentimento é, por vezes, de intensa nostalgia.  Esse sentimento, além de evocar o respeito devido à pátria, certamente passa pelas memórias individuais e desperta a consciência de fazer parte da História da cidade, como fica patente nas fotografias a seguir:
Hoje, o Sr. Gentil Gomes Cunha
assiste os desfiles, ladeado por
dois amigos: nostalgia.

Banda do Colégio Manuel Pereira,
em desfile na década de 1960: em
primeiro plano, o Sr. Gentil Gomes.
Em sequência, os Srs.: Valfredo
Nonato, Aécio Monteiro, Roberto
Costa, [não identificado], Lino
Antunes, Norberto Duarte e
Guilherme Xanchão.
















Felizmente, percebemos uma preocupação crítica com esse processo ao observarmos o tema do desfile desse ano: "Queimados: Incluindo, Preservando, Desenvolvendo com Muito Mais Educação."  Considerando as inevitáveis mudanças sociais, políticas e econômicas pelas quais Queimados vem passando ao longo das últimas décadas, não podemos nos esquecer das nossas raízes, do que fomos e nos fez ser o que somos hoje.  Ao nos depararmos com pessoas como o Sr. Gentil, que até hoje acompanha os desfiles e lembra, com emoção, dos tempos em que participava da banda do Colégio Manuel Pereira, temos a certeza de que podemos resgatar essas experiências.
Assim, investigando essas memórias, descobrimos que, em outras épocas, por volta da década de 1960, o desfile (hoje realizado nas imediações da Praça dos Eucaliptos) era realizado na Avenida Irmãos Guinle, por ser a única via calçada no centro de Queimados. 

Desfile Cívico pela Av. Irmãos Guinle:
década de 1960.
O Desfile Cívico em Queimados: 2011.











A exemplo do tema do Desfile Cívico desse ano, também acreditamos que, se o desenvolvimento é desejado e inevitável, ele não precisa, necessariamente, solapar todas as experiências passadas, que constituem a memória de um povo.  Da mesma forma, acreditamos que é por meio da educação que seremos capazes de um dia, quem sabe, equacionar essa tensão entre desenvolvimento e preservação.

Durante o desfile, da esquerda para a direita: o vice-prefeito Dequinha,
Prof. Nilson Henrique, Sr. Luiz Alonso, o Secretário de Fazenda Vilella,
o prefeito Max Lemos, Sr. Tião "Pisca-Pisca" e o ex-prefeito Azair Ramos. 

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Trabalho de campo encerra a primeira fase do "Encontros & Conexões"

O sábado amanheceu friorento e nublado, mas os participantes da primeira fase do Encontros & Conexões não se incomodaram com isso.  A grande maioria estava reunida, pontualmente às 7:30h da manhã e, bastante animados, logo tomou assento em um dos ônibus, disponibilizados pela Secretaria Municipal de Educação de Queimados (SEMED-Queimados) para o evento.
O grupo desembarca na Fazenda
São Bernardino: primeira parada da
nossa visita técnica.
Por volta das 8h, os ônibus saíram da Praça dos Eucaliptos, rumo a nossa primeira parada: a Fazenda São Bernardino.  Lá, muito além das fotos tiradas nas ruínas, o grupo aprendeu um pouco mais sobre a História  de Iguassu e a necessidade de preservação dos lugares de Memória da região.  A Fazenda São Bernardino foi construída por ordem de Bernardino José de Souza e Mello, representante da aristocracia agrário-comercial de Iguassu, na segunda metade do século XIX.  Hoje, infelizmente, bem pouco sobrou de suas estruturas.  Apesar do tombamento, em 1951, o conjunto da fazenda vem sofrendo dilapidações sistemáticas durante todos esses anos: os constantes saques, um incêndio e o desgaste natural têm posto em risco um dos poucos prédios históricos que ainda subsistem na região.  Outra ameaça que merece nossa atenção é a construção do Arco Rodoviário, que passará a poucos metros da sede da fazenda e, inevitavelmente, destruirá a alameda de palmeiras imperiais, que ligava a entrada da propriedade à Casa Grande.
Grupo reunido, em frente as ruínas da casa-sede da Fazenda
São Bernardino.
Chamando a atenção sobre esses e outros aspectos, os professores Manoel Ricardo Simões e Nielson Bezerra discorreram sobre a dinâmica da ocupação humana na região e a multiplicidade de relações estabelecidas no seio da sociedade iguaçuana dos séculos XVII, XVIII e XIX.  O assunto suscitou a curiosidade de vários cursistas, empenhados em compreender um pouco mais sobre a História do seu lugar de origem e visualizar a Iguassu em que o comendador Bernardino José viveu...  Da fazenda, seguimos rumo à, outrora, sede da Freguesia de Iguassu.  Como ressaltaram os professores Nielson e Manoel: é difícil imaginar como um lugar, hoje abandonado, foi no passado, o agitado centro de uma vila.  Da matriz de Nossa Senhora da Piedade de Iguassu, em torno da qual a vila se desenvolveu, sobrou apenas a torre sineira e o cemitério anexo, ainda em atividade.  Do outro lado, ainda podemos observar as ruínas do abandonado cemitério da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário.  Os ritos religiosos ocupavam um lugar de destaque na mentalidade dos homens e mulheres dos séculos XVII, XVIII e XIX.  Na Vila de Iguassu não era diferente!  Sobre isso, o professor Nielson fez interessantes colocações a respeito da relação de brancos e negros, livres ou não, com essa religiosidade.
Em volta do que sobrou da
matriz de N. Srª. da Piedade
do Iguassu.
De lá, seguimos até Tinguá, onde foi citada a importância da Estrada de Ferro Rio d'Ouro, aberta para facilitar o abastecimento de água do Rio de Janeiro.  Os trilhos dessa ferrovia não mais existem, porém, a estação, a caixa d'água e vários outros sinais desse tempo ainda subsistem em torno da praça central do local.  No discurso dos professores, a preocupação com a preservação do Patrimônio Histórico e Natural, uma vez que o Tinguá é mais uma Reserva Biológica ameaçada pelo crescimento urbano desordenado e a especulação imobiliária.  A exuberante natureza, combinada com os ecos de um passado não tão distante compõem uma paisagem magnífica.  Entretanto, precisávamos seguir em frente...
Assim, nosso trabalho de campo prosseguiu pelo areal, na antiga Estrada das Escravas, atravessando o município de Belford Roxo, rumo a Duque de Caxias.  No trajeto, mais sinais do descaso e abandono: verificamos vários "braços" do Rio Iguassu com alto grau de poluição.  Em mais uma fala do professor Nielson, ele chamou a atenção para o fato de que a Fazenda de Iguassu ou de São Bento (que o grupo iria visitar na sequência) estendia seus domínios da sede (em Duque de Caxias) até aquele sítio.  O grupo, apesar de ver despontar os primeiros sinais de cansaço, continuava viajando no tempo, imaginando como teriam sido todos aqueles lugares, há séculos atrás...
Diante da casa-sede da Fazenda de
São Bento: há anos sustentada por
escoras que deveriam ser provisórias...
Chegando ao São Bento, bairro da cidade de Duque de Caxias, seguimos para a sede da fazenda dos beneditinos.  Fomos recepcionados pelo professor Antônio Augusto e, após almoço, os cursistas visitaram uma exposição sobre o Patrimônio Histórico Material e Imaterial de Duque de Caxias, cuja preservação é objeto da luta do Centro de Referência Patrimonial e Histórica (CRPH).  Visitamos a Capela e a sede da Fazenda de São Bento, bem como a sede do Museu Vivo do São Bento, o primeiro museu de percurso da região.  Dando continuidade a nossa visita, fomos até o sítio arqueológico dos sambaquis, uma das paradas obrigatórias para quem visita o Museu Vivo. 
Sambaquis do S. Bento:
fósseis de homem, mulher
e criança envoltos em gesso,
 para conservação.
Além dos amontoados de conchas, característicos desse tipo de sítio arqueológico, a presença de três fósseis humanos (um homem e uma mulher, junto à criança) que, devido à precariedade de recursos para sua preservação, encontram-se envolvidos em camada de gesso para que não se deteriorem no tempo.  Destacamos que, tal ocupação humana é bem anterior aos Tupinambás, uma das várias tribos indígenas encontrada nesse território, quando da chegada dos portugueses!  Assim, os participantes do projeto, mais uma vez, tiveram um exemplo de como a riqueza cultural da nossa terra é imensa, porém, ameaçada constantemente pela insensibilidade ou mesmo descaso do poder público... 
Já passava das 16h, quando saímos, rumo à última etapa de nossa atividade de campo: a Igreja de Nossa Senhora do Pilar, ainda em Duque de Caxias.  Anoitecia rapidamente e, a despeito do cansaço, muito lamentou-se não termos podido seguir até Magé, e visitarmos a antiga estação de Guia de Pacobaíba.  São muitas as riquezas culturais espalhadas ou mesmo escondidas pela Baixada Fluminense e, um dia só, não seria mesmo suficiente para conhecer todas elas... 

Todos reunidos diante da igreja de N. S.rª. do Pilar, em Duque de Caxias:
última parada da nossa visita! 
O grupo se despediu dessa primeira etapa com um gostinho de "quero mais."  Oportunamente, agradecemos à Secretaria Municipal de Educação de Queimados, por ter acreditado e investido na formação continuada dos docentes, no que tange à conscientização, valorização e preservação do Patrimônio Histórico da região.   Lembramos ainda que, após as próximas duas semanas de recesso, retornaremos no dia 24/09, com a abertura do curso sobre Metodologia de Pesquisa Histórica, oferecido pelo Núcleo de Estudos da Atiguidade, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (NEA/UERJ).       
Os professores reunidos: da esquerda para a direita, Péricles,
Claudia Costa, Manoel Simões, Nielson Bezerra,
Antônio Augusto e Nilson Henrique.
 
Para ver mais fotos da nossa visita técnica à Baixada Fluminense, clique aqui!


terça-feira, 30 de agosto de 2011

Clima de nostalgia marca o penúltimo encontro da primeira fase do "Encontros & Conexões"

Todos atentos, em mais um encontro
do Encontros & Conexões 
O que é Memória? Qual a importância da Memória Coletiva para a escrita da História da minha cidade?  Foi lançando questionamentos como esses, que a professora Claudia Costa procurou instigar os participantes do projeto Encontros & Conexões: [re]descobrindo histórias que, mais uma vez, estiveram reunidos no auditório do Centro Educacional Manoel Pereira.
Ao abordar aspectos da história recente de Queimados, a professora Claudia convidou todos os presentes a mergulhar nas suas memórias individuais e viajar no tempo...  À medida que detalhes da História Local foram mostrados nos slides, por meio de imagens e depoimentos gentilmente cedidos por antigos moradores de Queimados para nossa pesquisa, foi inevitável que muitas lembranças surgissem.  O auditório foi palco de debates e de interessantes relatos espontâneos, que tornaram aquela manhã de sábado muito mais agradável e acrescentaram outras perspectivas à temática abordada.  Tornando essa "viagem no tempo" ainda mais interessante, contamos ainda com as presenças dos senhores Luiz Alonso e Luiz Gonzaga, eméritos personagens da História de Queimados e artífices da emancipação, junto a tantos outros que a História não pode esquecer...
Os Srs. Luiz Alonso (sentado) e Luiz Gonzaga respondem
à perguntas dos presentes.
Após a exibição de vídeo, que propunha uma abordagem sobre a Memória voltada para o público infantil, teve início a segunda parte da exposição.  Foi a vez, então, dos senhores Alonso e Gonzaga tomarem a palavra e, remexendo sua próprias memórias, acrescentaram um colorido especial a essa História, que vem sendo resgatada pela iniciativa desse projeto, realizado pela Secretaria de Educação de Queimados.    
Oportunamente lembramos que, no próximo sábado (03/09), teremos o encerramento dessa fase do projeto, com atividade de campo pelos lugares de Memória da Baixada Fluminense.  O encontro está marcado para as 7:30 h, em frente ao Centro Educacional Manoel Pereira.  Recomenda-se que os participantes levem água e usem roupas e calçados confortáveis, uma vez que passaremos o dia em visitação a esses sítios.