sexta-feira, 29 de abril de 2011

Secretaria Municipal de Educação de Queimados lança projeto pedagógico em homenagem ao Dia da Baixada Fluminense.

No bojo das comemorações pelo Dia da Baixada Fluminense, no dia 30/04, a Secretaria Municipal de Educação de Queimados lança o projeto Encontros e Conexões: [re]descobrindo histórias Trata-se de um projeto pedagógico que vai possibilitar uma maior interação entre as disciplinas do currículo do Ensino Fundamental regular e, ao mesmo tempo, resgatar e valorizar as experiências da comunidade escolar, visando ultrapassar os limites de Queimados e englobar comunidades escolares de outros municípios que possam se identificar e, portanto, partilhar da mesma história coletiva.
Tal história, começa ainda nos tempos coloniais, quando houve a distribuição dos primeiros lotes de terra (sesmarias) nessa região.  Nessa viagem no tempo, também passaremos pelos séculos XVII e XVIII, por entre capelas e fazendas; o século XIX, quando a região cresceu em importância, sendo uma área intermediária do escoamento da produção cafeeira, entre o Vale do Paraíba e o Porto do Rio de Janeiro; até chegar ao século XX, como importante área produtora de laranja e, recentemente, como município velozmente urbanizado.
Dessa forma, o projeto Encontros e Conexões: [re]descobrindo histórias propõe uma ação sistemática nessa direção, com ações de formação e incentivo à pesquisa junto à comunidade, que será desenvolvida a partir do seguinte plano de ação:

1ª etapa: Um curso sobre a História da Queimados e da Baixada Fluminense oferecido aos inscritos, com aulas aos sábados, num total de cinco encontros consecutivos. Nesses encontros, seriam ainda debatidas, as principais questões concernentes à História e Geografia Locais e à preservação do patrimônio histórico material e imaterial. No quinto e último encontro, seria realizada uma visita aos sítios históricos relevantes, segundo os tópicos abordados na formação em sala de aula.
2ª etapa: Após participarem da formação continuada, os participantes procederão à coleta de dados e fontes acerca da História Local e à produção de ensaios sobre aspectos dessa história. Para a execução dessa etapa, os grupos continuarão sendo supervisionados e orientados por professores/pesquisadores da equipe dinamizadora do projeto.
Fazenda do Secretário, produtora de café, em Vassouras.
3ª etapa: Considerando que outros municípios integram a mesma noção de História Coletiva e tecem (como outrora teceram) importantes relações com a região de Queimados, propomos nessa etapa, um intercâmbio entre a equipe de professores e alunos de Queimados e alunos e professores da cidade de Vassouras. A justificativa para tal escolha está ligada à inauguração da ferrovia, em 1858, que tinha como principal objetivo, escoar rapidamente o café que era produzido no Vale do Paraíba Fluminense.
4ª etapa: Todas as etapas de consecução do projeto serão devidamente registradas pelos participantes que, dessa forma, se sentirão envolvidos diretamente com a prática sistemática da pesquisa e das ações acadêmicas. Além disso, trata-se de uma oportunidade única de resgatar e valorizar experiências pessoais de pesquisadores e pesquisados, ambos atores da História Local. Portanto, os resultados obtidos ao longo das etapas do projeto serão expostos por ocasião do II Seminário de Memória e Patrimônio Histórico de Queimados, a ser realizado em 2012.

Lembramos que o projeto é aberto aos professores e alunos das redes pública e privada, bem como ao público interessado em saber um pouco mais sobre a história de sua cidade ou região. Maiores informações e inscrições na Secretaria Municipal de Educação de Queimados.


O que sobrou do, outrora próspero, Porto de Iguassu,
usado no transporte do café que descia a serra, para o
Porto do Rio de Janeiro.





Ruínas da Fazenda S. Bernardino: o café também
chegou à Baixada Fluminense.
Estrada do Comércio: parte do trajeto do café, do Vale do Paraíba ao Rio de Janeiro, era feito por estradas como esta, antes do advento da ferrovia.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

30 de Abril: Dia da Baixada Fluminense!

Estamos nos aproximando do dia 30 de abril, no qual comemoramos o Dia da Baixada Fluminense.  A data foi instituída em 2000, durante um encontro da Comunidade Cultural da Baixada, ocorrido na Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (FEBF/UERJ).  O reconhecimento, veio por força da Lei nº 3822, de 02/05/2002, que prevê a comemoração obrigatória da data "em todas as escolas da rede estadual de ensino público e em todas as repartições públicas estaduais localizadas na região.
Essa data foi escolhida em memória da inauguração da primeira ferrovia construída no Brasil, em 30 de abril de 1854.  Os trilhos dessa estrada de ferro ligavam o Porto de Mauá (também conhecido como Guia de Pacobaíba) à localidade de Fragoso, no sopé da Serra dos Órgãos, caminho para Petrópolis.  Tais localidades fazem parte, hoje, do municipio de Magé.* 
Locomotiva parada na estação de Guia de Pacobaíba.
Ao lado, barco a vapor, que transportava cargas e
passageiros: o percurso entre a capital e a serra era feito
por via marítima e ferroviária.

Estação de Guia de Pacobaíba, ainda com os trilhos.
http://www.anpf.com.br/histnostrilhos/

Ainda no século XIX, outras vias férreas foram abertas, cortando a região da Baixada Fluminense, com o objetivo de agilizar o transporte de passageiros e cargas entre a serra e a capital.  Nesse contexto, é aberta a Estrada de Ferro D. Pedro II, em 1858, tendo Queimados como uma de suas estações.
Sabemos que a inauguração dessas ferrovias representou uma significativa alteração no panorama da ocupação territorial da Baixada Fluminense, provocando o deslocamento dos núcleos populacionais para perto dos trilhos.  Assim, Queimados passou a crescer e adquirir, paulatinamente, importância, frente à Marapicu, então sede da freguesia, porém distante da ferrovia.  A importância da estrada de ferro para a História de Queimados foi de tal forma significativa, que sua presença embalou os primeiros protestos pela emancipação, por ocasião de seu centenário, em 1958.
Hoje em dia, buscamos resgatar essa história, ainda meio empoeirada e esquecida no tempo, por meio de inciativas que nos levem à reflexão sobre a importância da Baixada Fluminense no panorama mais amplo da História do Brasil.  Por isso, convidamos todos a aproveitar o significado do próximo dia 30 para pensarmos melhor a respeito do que já foi feito e sobre aquilo que ainda podemos fazer para ressaltar a importância desse Patrimônio Histórico...    






*A ferrovia mais antiga do Brasil esteve em funcionamento até o ano de 1964, quando foi desativada.  Desde então, passou por um processo de depredação e esquecimento. Em 2010, a Prefeitura de Magé procurou empreender obras de restauração e revitalização da antiga estação e seu entorno.

sábado, 2 de abril de 2011

Dos Barões ao Extermínio: uma História da Violência da Baixada Fluminense

Prof. Ms. Antonio Augusto Braz

O livro "Dos Barões ao Extermínio: uma História da Violência da Baixada Fluminense" do professor José Cláudio de Souza Alves, fruto de sua tese de doutorado apresentada na USP,  foi publicado por nós da  APPH-CLIO há alguns anos, com muito esforço.  O texto é de uma impressionante riqueza historiográfica que nos permite conhecer com muita clareza o processo de formação social de nossa região. Além disso a contundente denúncia política que carrega não pode deixar de ser conhecida por aqueles que desejam examinar a fundo as raízes das injustiças e desmandos que nos assolam e que impedem a nossa população de gozar os frutos de seu trabalho duro e de suas potencialidades humanas.
Na época de sua primeira publicação uma pequena tiragem logo se esgotou e recentemente por ter sido incluído, muito justamente, na bibliografia do concurso realizado no município de Mesquita, uma nova tiragem foi produzida pelo autor. Alguns  exemplares remanescentes estão a venda na livraria ITATIAIA na UNIGRANRIO (2621-2808) e no Instituto Histórico em Duque de Caxias (2784-6947).
Nós acreditamos e defendemos, nesses anos que atuamos, que analisar o rico processo histórico da Baixada Fluminense, consiste em examinar com profundidade e seriedade não só nossas virtudes e potencialidades mas também e principalmente, abordar  as graves questões que nossa população periférica enfrentou e ainda tem enfrentado. Nesse sentido, acreditamos que o texto do professor José Cláudio é uma indispensável contribuição e por isso estamos aqui  sugerindo a você que, caso possa,  o obtenha e o divulgue.