segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Queimados, o nascer de um município: com a palavra, Dr. Jorge, o primeiro prefeito!

No último sábado (19/02/2011), fomos muito bem recebidos pelo primeiro prefeito da cidade, o Dr. Jorge, para mais uma entrevista que visa contribuir para o resgate da História da cidade de Queimados.
Durante o tempo transcorrido ao lado do Dr. Jorge, viajamos no tempo até a década de 1950, quando, de acordo com o nosso entrevistado, já havia vozes que defendiam a necessidade de emancipação de Queimados (então Segundo Distrito de Nova Iguaçu). Além das questões políticas e/ou econômicas, essas discussões extrapolavam para um inusitado campo de disputa: o futebol! Ainda segundo o Dr. Jorge, eram comuns as polêmicas em torno de possíveis favorecimentos ao time iguaçuano, em detrimento do scratch do Queimados Futebol Clube. Nessas ocasiões, os ânimos se exaltavam e as reivindicações pela autonomia do local se tornavam ainda mais veementes...


Time de base do Queimados F.C., no período citado pelo Dr. Jorge.

Da década de 1950, passamos à emancipação de fato, já nos anos 90. No bojo da reabertura política e da promulgação da Constituição de 1988, foi organizado o movimento que tornou realidade o projeto há tanto tempo acalentado: a emancipação de Queimados. Na perspectiva de personagem privilegiado dessa História, Dr. Jorge narrou-nos, com riqueza de detalhes, as expectativas e as dificuldades enfrentadas no recém criado município. Sob esse aspecto, o entrevistado chamou nossa atenção para o esforço e compromisso da maior parte da população queimadense que, segundo ele, contribuiu imensamente para o estabelecimento da recém empossada administração municipal, por meio de expressiva arrecadação fiscal e apoio às variadas ações empreendidas pela prefeitura. Entre tais ações, destacaram-se as reformas de várias escolas da rede, dragagem de rios, melhorias nas principais artérias que cortam a cidade e políticas de incentivo fiscal para as indústrias interessadas em se estabelecer no Distrito Industrial, um dos ícones que sustentaram os discursos pró emancipação.
Ao final de nosso bate papo, ficou a sensação de que ainda temos um longo e instigante caminho a percorrer. Porém, temos também a certeza de que contaremos com o interesse e a disponibilidade de muitas pessoas que foram artífices dessa História e que nos ajudarão a resgatá-la e escrevê-la.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Memórias de família: Dona Maria Luísa van Boekel conta a sua infância em Queimados.

Dona Maria Luísa van Boekel entre sua
filha, Maria Laura e a prima, Dona Maria
da Penha.
Em mais um sábado ensolarado desse "verãozão 40 ºC", partimos rumo ao bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, para encontrarmos nossa entrevistada do dia: Dona Maria Luísa van Boekel.  
Na chegada, fomos calorosamente recepcionados por Dona Maria Luísa e sua prima, Dona Maria da Penha Santos Salgado, filhas e netos.   Três gerações de uma família que apesar de afastadas há muitos anos de Queimados, ainda guarda lembranças carinhosas do antigo Distrito de Nova Iguaçu e curiosas histórias!

Durante a entrevista, histórias vão surgindo...
Durante nosso bate papo, que resultou em várias horas de gravação, Dona Maria Luísa nos contou um pouco de sua infância em Queimados, nos fornecendo retratos vívidos do local há cerca de 70 anos.
Nessa época, como pudemos perceber ao longo da entrevista, Queimados ainda era um local essencialmente rural, onde a carência de serviços como transporte e saúde públicos era uma constante.  Segundo suas recordações da infância e juventude em Queimados, Dona Luísa e Dona Penha afirmaram não haver médicos ou dentistas na região.  Os bebês nasciam em casa, pelas mãos das boas e velhas parteiras.  Foi assim que dona Luísa afirma ter nascido, em uma casa que pertencia ao seu avô e que não mais existe, na atual Rua Eloy Teixeira (que na época, chamava-se Rua Getúlio de Moura), nas imediações da Praça dos Eucaliptos.
Bodas de Ouro do casal Joaquim
Ferreira dos Santos e Gracinda Mello
dos Santos, avós de Dona Maria Luísa
van Boekel - Casa da Rua Getúlio de
Moura (atual Eloy Teixeira), 1932.
- Arquivo da Família van Boekel -
Foi uma época em que, segundo elas, os trens não possuíam a frequência de hoje e Queimados se conectava ao Rio de Janeiro apenas duas vezes por dia: pela manhã e pela tarde.  Rodovias ou linhas de ônibus não havia.  A precariedade nos transportes também contribuía para que casos de enfermidades relativamente simples, se tornassem um problema para a população local.  Outra informação que foi relembrada por nossa entrevistada é que, na Queimados da década de 30, não havia escolas!  Para ter acesso a tais serviços, a população tinha que se deslocar muitos quilômetros.  Eram tempos difíceis aqueles...  
Durante a pausa para o almoço (Sim, fomos convidados para um almoço em família!), as lembranças continuaram aflorando.  Às narrativas de Dona Luísa, somaram-se surpreendente projeção de fotos antigas da família, cuidadosamente preparada por nossos anfitriões.  Durante essa exibição, pudemos reconhecer uma Queimados que não mais existe.  Foi uma nova oportunidade para nossa entrevistada remexer ainda mais em suas memórias, identificando pessoas e lugares que fizeram parte dessa história.  Essas imagens e os relatos de pessoas como a Dona Maria Luísa, ainda podem nos falar muito de um tempo passado, nos ajudando a recompor a História da cidade... 
 
Dona Maria Luísa, Dona Maria da Penha,
familiares, amigos e o Prof. Nilson: foto de despedida.