domingo, 28 de novembro de 2010

Mais iniciativas ganham corpo: construindo a Memória da Ilha do Governador

Em mais uma reportagem do Jornal Extra, nesse domingo (28/11), a questão do resgate da Memória local foi posta em evidência.  A repórter Monique Vasconcelos divulgou, em coluna intitulada "Mémoria resgatada em blogs e fotoblogs - aposentados da Ilha narram a história do bairro na internet"*, a iniciativa de dois aposentados, Jaime Moraes e Álvaro Botelho.  Eles criaram fotologs (fotolog.terra.com.br/ilhadogovernador e fotolog.terra.com.br/ilhahoje) para divulgar e, principalmente não deixar morrer, a memória do bairro carioca. 

Nesses espaços virtuais, Jaime e Álvaro criaram um ambiente para debate, comentários e postagens sobre os lugares históricos e de memória desse bairro singular.  Os fotologs também são abertos às contribuições de moradores ou afins, que possuam fotografias antigas ou saibam histórias sobre o lugar e que desejem participar dessa iniciativa.  Segundo Jaime: "Cada escola devia procurar recuperar, por meio de imagens, a história do bairro."  Álvaro conclui: "O legal é ver o 'hoje' e o 'ontem' de cada fotografia."
Da mesma forma que o nosso blog, a ideia é fomentar o debate e despertar o interesse dos próprios moradores sobre a história do local onde nasceram.  Para tanto, assim como os companheiros da Ilha do Governador, contamos com o apoio e a colaboração das pessoas que viveram ou vivem em Queimados, para a formação de um banco de imagens e dados sobre nossa história.  Resgatando essa consciência, valorizando nossa identidade, podemos pensar nos cidadãos, sem dúvida mais críticos, que estamos formando para o amanhã...
Queimados comemora o carnaval de 1958















Carnaval no Queimados F.C.:
um dos signos da identidade local




















*A reportagem sobre os fotologs da Ilha do Governador está disponível na edição de 28/11/2010 do jornal Extra.




domingo, 21 de novembro de 2010

Iniciativas de revitalização por toda a parte: os cinemas de rua.

Em matéria veiculada hoje (21/11) no Jornal Extra, um grupo de moradores e comerciantes do bairro de Vaz Lobo, na cidade do Rio de Janeiro, chamam a atenção para o abandono de equipamentos de lazer e entretenimento na região.  Assim, esse grupo pretende promover mobilização em prol da restauração e reinauguração do Cine Vaz Lobo, uma sala que contava com cerca de 1800 lugares e que fechou no início da década de 1980, no bojo da decadência dos cinemas de rua.  Segundo um dos membros do grupo, o advogado Gilson Buarque, o bairro perdeu uma das poucas opções de cultura da região.  Seu moradores são obrigados a buscar alternativas de lazer em bairros vizinhos, como Madureira ou opções ainda mais distantes, como Centro e Barra da Tijuca, quando querem se divertir. 

Construção e inauguração do Cine Vaz Lobo - década de 40

Estado atual do prédio
 O prédio do Cine Vaz Lobo esteve em vias de ser demolido para a construção da Transcarioca mas foi poupado graças a um projeto da Subsecretaria Municipal de Patrimônio Cultural.  Animado por essa vitória, o grupo pretende restaurar o prédio, inaugurando três salas de cinema e um teatro, segundo projeto da arquiteta Fernanda Costa, também integrante do movimento.
Refletindo sobre a louvável iniciativa do grupo de Vaz Lobo, pensamos também nos lugares de memória da cidade de Queimados, como por exemplo, o próprio cinema.  Assim, como foi assinalado por Gilson Buarque, consideramos que o atual estado de abandono do cinema da cidade significa um enorme prejuízo cultural, pois os queimadenses precisam se deslocar até a vizinha Nova Iguaçu ou cidades ainda mais distantes, se querem ir ao cinema.   Muito além dessa questão, existe também aquela que toca à preservação de um espaço que faz parte da memória coletiva da cidade e da formação da identidade queimadense.  Esse espaço, bem como tantos outros, encontra-se em total estado de abandono e as gerações mais recentes, possivelmente, passam por alí sem saber de sua História...
Cinema de Queimados - década de 60
Cinema de Queimados hoje











Chamamos a atenção e louvamos iniciativas como esta.  Esperamos, em breve, conseguir mobilização como essa em Queimados!


Fonte: "Em cartaz, a volta do Cine Vaz Lobo."  In: Jornal Extra, 21/11/2010
Versão resumida também disponível em: 

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O que tem sido realizado?

Após longo hiato sem postagens novas por aqui, retomamos nossa rotina, aproveitando para divulgar um breve balanço de todas as iniciativas realizadas com sucesso, no sentido de resgatar e valorizar o Patrimônio Histórico de Queimados.

1) Exposição Fotográfica: Queimados - cidade livre como o vento, realizada entre 20 e 29 de novembro de 2009.


         
2) Em um despretensioso “bate-papo com os mais velhos”, o registro desses depoimentos e a formação de um banco de dados.



3) Em 2010, entre os dias 16 e 17 de abril, a cidade foi uma das paradas do projeto Caravanas Euclidianas [1] e teve sua história lembrada e registrada por alunos de escolas públicas.
 



[1] O Caravanas Euclidianas é um projeto concebido por professores e pesquisadores e viabilizado por intermédio do Laboratório de Memória e Imagem do Programa de Pós-Graduação em Memória Social e pela Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) sob a coordenação da Profa Dra Regina Abreu.  É apoiado pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação (SECAD/MEC). In: caravanaseuclidianas.blogspot.com



4) Realização do I Seminário de Memória e Patrimônio Histórico de Queimados, em 25 de setembro de 2010.
 
 










5) Entrega de premiação de incentivo à Profª. Fátima Muniz, pelo trabalho de reconhecimento e valorização do Patrimônio Histórico, desenvolvido junto a alunos de diversas escolas de Queimados.


...E o trabalho não para por aí!  Em breve estaremos postando mais novidades...

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

I Seminário de Memória e Patrimônio Histórico de Queimados

Queimados assistiu empolgada, no último dia 25, ao seu I Seminário de Memória e Patrimônio Histórico, uma realização da Secretaria de Educação da cidade e da Associação de Professores-Pesquisadores de História (APPH-CLIO).  
Kit entregue a cada um dos participantes
do seminário
O evento estava marcado para começar às 8h e, rapidamente o Teatro-Escola Marlice Margarida Ferreira da Cunha se encheu de pessoas: estudantes, pesquisadores, professores... gente ávida por saber um pouquinho mais sobre a sua cidade e [re]conhecer a importância do patrimônio histórico da região.  A expectativa do público não se arrefeceu nem mesmo com a ausência de energia elétrica: imprevisto que durou boa parte da manhã.  Ao contrário: o clima estabelecido pela penumbra foi mais um convite à reflexão sobre um tempo não muito distante, no início do século XX, quando em Queimados, as luzes de lampiões e velas eram as únicas alternativas à luz solar...
A despeito de tal imprevisto, a mesa foi composta e seguiu-se a Conferência de Abertura, proferida pela professora Marlúcia de Souza.  De uma maneira lúdica - narrando um conto infantil - ela destacou a importância da construção e perpetuação da Memória.Após a fala da professora, o IPHAN, o IBRAM, o INEPAC e a UNIRIO, nas pessoas de seus respectivos representantes, os professores: Luciano Teixeira, Mário Chagas, Sérgio Linhares e Regina Abreu, ressaltaram a função das instituições de pesquisa e preservação do patrimônio cultural material e imaterial.  Ainda na penumbra, os presentes foram se dando conta da multiplicidade de vestígios do passado que contam a história de sua cidade ou região e se sensibilizando quanto à necessidade urgente de seu reconhecimento e valorização.

Ainda na penumbra, o seminário prossegue pela manhã...
A primeira etapa do seminário contou ainda com os professores José Cláudio, da UFRRJ, Ângela Roberti, da UNIGRANRIO,Tânia Amaro, do IH-CMDC e o Secretário de Educação de Queimados, Lenine Lemos falando da necessidade de que iniciativas como esta se multipliquem, principalmente entre os municípios da Baixada Fluminense.   
Sinalizando o encerramento das atividades da primeira parte do evento, as considerações do Secretário de Cultura do município, Garret Bragança, articularam a trajetória de Queimados desde a sua emancipação, à  exibição de vídeo sobre o desenvolvimento experimentado pela cidade recentemente.
Uma das muitas oficinas ministradas
na segunda parte do evento.
Após a pausa para o almoço, o evento prosseguiu com as oficinas.  Ao todo foram dez temas que foram trabalhados em diferentes salas da Escola Municipal Metodista. Nas oficinas, foram apresentadas novas perspectivas e debatidas algumas possibilidades para que a prática pedagógica seja enriquecida, levando-se em conta a questão da valorização e preservação do patrimônio.  Sempre propondo uma abordagem pluridisciplinar, concluiu-se que essa questão pode e deve ser trabalhada nas escolas, desde as séries iniciais, estabelecendo um excelente nível consciência para as gerações futuras.
Ao final, concordamos que iniciativas como esta não podem deixar de existir...

domingo, 12 de setembro de 2010

I Seminário de Memória e Patrimônio Histórico de Queimados: lista de oficinas

As inscrições para o I Seminário de Memória e Patrimônio Histórico de Queimados estão se esgotando!  Segue abaixo, a relação das oficinas que podem ser escolhidas pelos interessados, quando do recebimento da ficha de inscrição:

1. História e Memória da Escravidão Africana na Baixada Fluminense.
Prof. Dr. Nielson Rosa Bezerra
Biblioteca Nacional / CRPH-Clio

2. Ensino de História: Brincando de Arqueólogo e Historiador.
Prof. Dr. Julio Gralha
UERJ-NEA / UFF / UNICAMP

3. Memória, Narrativas Literárias e Museu.
Prof. Ms. Marlucia Santos de Souza
CRPH-DC / APPH-Clio

4. Arquitetura e Identidade – O quê e por quê preservar.
Arq. André Bianche (Subsecretário de Urbanismo e Meio Ambiente de Queimados)
UFRJ-FAU / SEMURMA

5. Instituto Histórico – CMDC: Pioneirismo na Preservação e Guarda de Documentos.
Prof. Esp. Tânia Amaro (Diretora do Instituto Histórico-CMDC)
ASMIR / UNIGRANRIO

6. A Juventude e a Produção da Memória: experiências instituídas na Baixada Fluminense.
Prof. Ms. Antônio Augusto Braz
CRPH /DC e CARE Brasil / UNIGRANRIO

7. Rodas de Memória nas Escolas: experiências em curso na Baixada Fluminense.
Professora Fátima David.
CPMHEC-DC

8. João Cândido Felisberto: Exclusão e Racismo no Início da República.
Prof. Ms. Ercília Coelho (Mestra em História Social do Brasil – USS / Membro da Pastoral Afro-brasileira.)
Prof. Esp. Nádia Aparecida Tobias Felix (Especialista em História da África – Universidade Cândido Mendes / Membro da Pastoral Afro-brasileira).

9. Entrelaçando memória e experiência.
Profª. Drª. Angela Maria Roberti Martins (UNIGRANRIO)
Profª. Mestranda Denise Batista da Silva (UNIGRANRIO)

10. Usos da Memória e do Repertório Local na Prática Docente.
Ana Cretton e Vinícius Monção
Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular – CNFCP / IPHAN

Envie um e-mail para patrimonioqueimados@hotmail.com, solicitando sua inscrição.

sábado, 11 de setembro de 2010

Construindo a História: com o fim dos laranjais, a fragmentação do espaço.

Dentro de Nova Iguaçu, os territórios que hoje correspondem aos municípios de Duque de Caxias, São João de Meriti e Nilópolis já apresentavam uma maior densidade demográfica e maior nível de urbanização desde a época dos laranjais, nos anos 30. Após a decadência da citricultura, lideranças locais iniciaram movimentações políticas voltadas para a fragmentação. Podemos afirmar que a partir da década de 50, as primeiras articulações em prol da emancipação começaram a se delinear também em Queimados, então sede do Segundo Distrito de Nova Iguaçu. A criação da Sociedade Pró-Melhoramentos de Queimados, em 1954, congregando comerciantes e lideranças políticas locais, funcionou como porta-voz desse movimento. Por outro lado, as comemorações em torno do centenário da construção da estrada de ferro, em 1958, também forneceram ocasião para que tal movimento adquirisse contornos mais definidos, uma vez que a construção da ferrovia sempre foi apropriada como um signo do progresso e da importância do local. Entrevemos indícios significativos dessa importância no texto abaixo, extraído de “O Centenário”:

“A data é um marco de progresso na história de Queimados. Sua comemoração corresponde ao regozijo, ao júbilo que provoca em todas as mentes esclarecidas. Seu cunho será de caráter histórico, cívico e popular. (...) Teremos a visita de altas autoridades do governo, de políticos e de muita gente de fora. (...) Sem os festejos, ninguém viria. Sejamos pois otimistas e trabalhemos para que os Festejos do Centenário repercutam maravilhosamente no espírito de todos os queimadenses e daqueles que nos visitem...”

O folheto “O Centenário” foi criado especialmente para os festejos do centenário da Estrada de Ferro. O evento foi utilizado como atrativo para as autoridades e ferramenta para as reivindicações emancipadoras junto às autoridades municipais, estaduais e federais. Possivelmente, a denominação do local é anterior à implantação da estação ferroviária e, segundo informações contidas no folheto, a data de comemoração dos cem anos da Estrada de Ferro é a mesma utilizada no período, para as comemorações do aniversário do local. Essa constatação nos permite dimensionar o processo de apropriação ao qual nos referimos. O mesmo folheto, de periodicidade semanal condicionada à celebração, registra em outra edição, a necessidade de um levantamento da história do local, destacando ainda a metodologia a ser empregada para a consecução desse fim: “entrevistas dos mais velhos moradores de Queimados.” Esse enunciado nos permite inferir o esforço para a elaboração de uma memória coletiva que fundamentasse a construção de uma identidade queimadense.


Carnaval e comemorações do Centenário da Estrada de Ferro
Queimados - 1958 
Assim sendo, ajude-nos na construção permanente dessa identidade!  Colabore postando comentários, adicionando informações e / ou registros dessa época. 

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Construindo a História: a época dos laranjais

 Entre fins do século XIX e início do século XX o cultivo da laranja surge como alternativa para a extensão das terras erodidas por séculos de cultivo desregrado da cana e do café e pelo desmatamento indiscriminado de considerável área verde, feito com o intuito de expandir as áreas cultiváveis e alimentar os engenhos. Com o abandono das terras e a falência de várias fazendas, os proprietários que ainda sobreviveram à débâcle encontraram solução para o problema no fracionamento das terras, empregando-as no cultivo da laranja por meio da venda dessas glebas ou o seu arrendamento. 

Laranjais em Queimados - arquivo da Família Pires 

A região de Queimados apresentava grandes extensões de terras sob a posse de poucas pessoas, o que de certa forma contrariava a tendência geral da citricultura, que assentava-se no parcelamento / arrendamento das terras para o cultivo e beneficiamento do produto. Isso não significa, no entanto, que não houvesse uma produção expressiva de laranjas nessa área.
As possibilidades de empregos geradas pela citricultura atraíam considerável número de pessoas a Nova Iguaçu, ainda que em muitos casos o trabalho fosse temporário, ligado à época da colheita/beneficiamento da laranja. Esse deslocamento populacional fez com que o número de habitantes do município saltasse de 33.396 para 140.606, entre os anos de 1920 e 1940. Somando-se os distritos agrícolas de Nova Iguaçu, Cava, Bonfim e Queimados, estima-se que o aumento populacional verificado nas mesmas duas décadas foi de 18.707 para 43.167!
Entretanto, o fracasso da citricultura veio em finais da década de 40. Esse colapso foi fruto da combinação de fatores tais como a paralisação do tráfego marítimo entre Brasil e Europa, por conta da Segunda Guerra Mundial e a rápida proliferação da Mosca do Mediterrâneo, parasita que completou o arrasamento dos laranjais.
Do fracionamento de várias fazendas desse período, surgiram os bairros da futura cidade de Queimados.


Laranjal em Queimados - arquivo da Família Pires
Ajude-nos a resgatar essa História! Se você sabe algo , viveu ou conhece alguém que viveu nesse período, participe, postando um comentário ou acrescentando informações!

sexta-feira, 30 de julho de 2010

I Seminário de Memória e Patrimônio Histórico do Município de Queimados.


Comemorações do Centenário da Estrada de Ferro.
 - Queimados -

A Associação de Professores - Pesquisadores de História (APPH-CLIO), e a Secretaria de Educação do Município de Queimados realizarão, no dia 25 de Setembro de 2010, no Teatro Escola Marlice Margarida Ferreira da Cunha (Av. Vereador Marinho Hemérito de Oliveira, s/nº – Queimados – RJ) o I Seminário de Memória e Patrimônio Histórico do Município de Queimados. O evento contará com conferência de abertura, mesa de debates e oficinas sobre o tema “os usos da Memória e da História Local no cotidiano da prática docente.”

Inscrições gratuitas (vagas limitadas)
Confere-se certificado (CH 10h/a)


Informações e inscrições: patrimonioqueimados@hotmail.com
Secretaria Municipal de Educação de Queimados – (21) 3698-6700
Prof. Nilson Henrique – (21) 9216-5700